domingo, 5 de setembro de 2010

Parte IX

Depois de alguns minutos algumas senhoras me deram algo para comer eu estava muito assustada sem entender o que estava acontecendo lá, naquele exato momento. O oficial entra na sala com soldados e diz:

- Garota, me perdoe por tudo que esses patifes estão fazendo, infelizmente estamos cumprindo ordens, você me parece ser moça cristã, segura com tanta força esse crucifixo, dique aqui essa noite, estará protegida.

Entre naquela porta, lá tem uma cama, normalmente eu durmo nela, depois que você jantar você pode dormir lá, amanhã bem cedo vou para Berlim e você vai comigo, vai conhecer minha esposa e minhas filhas. Eu tenho 12 lindas meninas, bom... vou trabalhar mais um pouco, até amanha.

Esse oficial, de alta posição no exercito nazista me ofereceu ajuda apenas por conta de um simples símbolo na corrente que meu amor me deu, apenas um símbolo salvou minha vida...

Acordei bem cedo no dia seguinte me vesti com roupas que limpas e esperei o militar no escritorio.
Ele abriu a porta e disse:
- Filha, vem comigo...
Acompanhei-o pelo longo caminho até o portão, todos que me acompanharam naquela via dolorosa até o campo de concentração me olhavam com ódio, passei por soldados e guardas, os mesmos que me pegaram estupidamente no hospital, um deles parou o velho militar dizendo:
- Senhor, não pode fazer isso, essa moça é Judia!
Ele segurou no meu braço com força e disse:
-Agora ela é minha filha! E cala-te para não se tornar um daqueles malditos...

Eu me assustei, mas sai de lá com a cabeça erguida e com o ego suspendo nas nuvens.

Seguimos em um carro muito luxuoso por uma estrada terra e disse:
-Qual seu nome querida?

Respondi timidamente:
- Meu nome é Carmem senhor...

Ele respondeu:
- Eu quero seu nome de Judia, seu nome verdadeiro, eu sei que você é Judia... E se não me engano seu nome é Judith... E seu Pai se chamava Jocob, estou certo?

Eu me espantei e disse:
- Como o senhor sabe disso?

Ele parou o carro e disse:
-De longe eu conseguiria reconhecer esses olhos negros como a noite... Meu nome é Martin, me chamam de General Harris, seu pai, o velho Jacob me ajudou muito a tempos passados. Minha esposa estava grávida, era uma gestação difícil, e estávamos a passeio perto do vilarejo de Grindsk, onde vocês moravam. Eu e minha esposa estávamos dando um passeio de charrete na estrada que ia para o rio, e do nada ela começou a passar mal, e eu desesperado com aquilo não sabia o que fazer, e no meio da estrada, apareceu um baixinho barbudo, era seu pai, com um caminhãozinho bem simples.
Ele simplesmente parou e nos prestou socorro, jogou no chão todos os alimentos que estava no banco do passageiro e levou minha esposa no hospital, evitando que ela perdesse a criança.
Filha, era a oitava gravidez da Clarice, minha esposa, em todas ela perdia a criança, e graças a seu pai minha filha foi salva.
Além do mais ele me deu abrigo e alimento. E eu me lembro de você, menina branquinha de olhos negros... Ah... Eu soube de seus pais, o que fizeram com eles... É lastimável...
Mas estou feliz pois consegui achar você, soube que estava em Varsóvia, e mandei meus soldados revirarem a cidade para procurar você....

Fiquei extremamente emocionada nesse momento, como se as palavras dele me transportassem para um passado lindo, minha infância, mamãe, papai até o cheiro da madeira da minha casa...
Com os olhos molhados, mergulhados em profunda emoção perguntei:
- Senhor, tu sabes onde está minha irmãzinha?

Ele espantado responde:
- Irmã? Você tem irmã?... Quando eu conheci sua família só havia você...


Contei-lhe toda minha historia e percebi que mexeu com seu coração. Depois disso seguimos viagem até uma estação de trem.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Parte VIII

Eles entraram em fúria e me pegaram pelos cabelos, me arrastaram pelo corredor do hospital, lembro que as luzes piscavam e eu via que em cada quarto daquele lugar a dor estava estampada nos rosto de cada um que sofria a mesma pressão e tortura que eu estava sentindo naquele momento.
Todos nós, molhados, com os rostos brancos e pálidos, doentes e saudáveis, todos... Em um apertado caminhão, como gado indo para o matadouro... A certeza de despedida desse mundo era certa.

Quando abriram a porta, apontaram para nós suas armas e lanternas com voz agressiva mandaram que nos levantássemos e seguíssemos em fila até um corredor.
Foi-nos ordenado que tirássemos nossas roupas, e todas elas foram queimadas e ficamos em fila nus no meio da chuva.
Eu já não estava agüentando de frio, e um homem, que aparentava ter seus quarenta e tantos anos aproximou se de mim e disse aos demais soldados:
- Não a leve daqui, preciso conversar com ele... Mas não parem! Levem o restante, vamos!

Enquanto todos saíram de lá ele falou baixo:
- você é moça Judia e por que segura tão forte esse crucifixo na mão?...Os soldados fizeram confusão e te pegaram... Ai céus... não acredito. Você vai para minha casa e ira ajudar minha esposa nos afazeres domésticos.
Naquele momento ele pareceu ser meu pai, quando eu caia e simplesmente machucava o joelho; ele me colocou uma toalha nos ombros e me deixou na sala dele.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Parte VII

Eles me levaram para fora do convento,me puxando pelos cabelos até as escadarias do convento, aonde me empurraram e rolei bruscamente até me chocar com um alto pilar de mármore.
O medo estava bem nítido nos semblantes de cada um daquela cidade, pois ninguém se preocupou em me ajudar, todos estavam andando rapidamente com seus filhos e compras nos braços, com muito medo das armas que os nazistas carregavam em suas cinturas.
Levantei-me, tentei parecer que não havia acontecido nada, e segui pela rua.
Atravessei alguns quarteirões e comecei a ouvir um barulho, que a cada segundo aumentava mais, era dezenas de aviões que lançaram bombas próximas a mim, quando o barulho enfim de cessou uma densa poeira de concreto cresceu, só pude ouvir os gritos desesperados dos ainda vivos, a maioria das casas foi atingida, e também o orfanato onde estava às crianças.
Com o rosto ferido e a perna esquerda machucada corri o Maximo que pude ate perto dos escombros, em meio aos tijolos quebrados e ferros contorcidos havia muito fogo eu ouvia vozes de lamento, dezenas de corpos de crianças mortas espalhados, pude sentir que os piores momentos da minha vida estavam começando naquele dia.

Eu chamava por eles, tentando empurrar enormes blocos, mas só ouvia distantes gritos de lamento, suplicas e socorro, e minhas mãos que estavam sangrando não agüentaram. Os que estavam vivos, na rua gritavam para os soldados:
- Tudo isso é por causa dos malditos judeus! Matem eles! Não nossos filhos!
Senti-me pesada, a partir daquele momento comecei a carregar os pecados, dores e culpas de todos que haviam perdido seus entes mais queridos, por MINHA causa.
Além do meu corpo físico ferido minha alma também sangrava, lembro-me que andei apenas poucos metros e desmaiei.
Meus olhos foram se abrir após algumas horas, eu estava junto a dezenas de pessoas, em um hospital, tentei me levantar, mas uma enfermeira me segurou na maca dizendo:
- Opa mocinha, fique onde está sua perna está muito ferida, e não vai sair andando tão cedo, ah meu nome é Elvira, precisando é só me chamar, sempre estarei por perto...
E já ia me esquecendo, sua correntinha esta do seu lado, ela arrebentou, mas da para concertar.
Fechei os olhos e dormi a tarde e toda a noite.
No dia seguinte à mesma enfermeira, Elvira, me acordou dizendo:
- Bom dia querida, esta quase na hora do almoço e precisamos trocar os curativos, essa noite você teve muita febre, mas hoje acordou quase sã, é forte igual a uma Judia em campo de concentração...

Eu olhei para ela e disse em voz baixa:
- Eu sou Judia...

Um senhor que estavam ao meu lado, assustado disse:
- Enfermeira, tem uma Judia no quarto, enfermeira!

Mas Elvira, tentando controlar a situação disse:
- Cala a boca seu velho, esta no caminho para o inferno, e já está até delirando!

Elvira aproximou seu rosto do meu e disse:
- Eu bem que poderia também começar a gritar que você era Judia, pedindo para que os Nazistas, que estão em dezenas nesse hospital a tirasse daqui.
Eu só não faço isso, querida, porque meus valores são diferentes desses animais... Somos filhas do mesmo Deus!

Senti que naquele momento ganhei uma boa amiga. Passei mais cinco dias em tratamento naquele hospital, fui muito bem cuidada por ela, e me recuperei da perna ferida.
Na minha ultima noite lá, surgiu uma noticia que os Nazistas suspeitavam que haviam Judeus naquele hospital, e era para todos os doentes, médicos e enfermeiros apresentarem seus documentos provando que eram arianos. Ao contrario seria levado a Guetos.
Eu estava sozinha no meu quarto e ouvia os gritos de pessoas que não queriam ser levadas de lá; assustada entra Elvira em meu quarto dizendo:
- Fique com meus documentos! Eu não quero que você morra na mão desses diabos! Deixe que me leve e não abra a boca!
Após poucos minutos entram alguns os oficiais Nazistas, armados e exigindo documentação. Nesse instante Elvira diz em alta voz a eles que era Judia, e que poderiam a levar.
Com essa declaração eles a empurram contra o um armário de metal contra e lhe deram muitos chutes; eu não agüentei e sai da cama gritando:
- Seus bestas, ela é inocente! Eu sou Judia... Levem-me, se quiser.

Parte VI


Antes do sol sair do meio das montanhas já estávamos vestidos, cobertos de palha e gargalhando com coisas banais. Seguimos de mãos dadas, como dois recém casados, pelo vilarejo.
Chegando em casa a primeira noticia que meu amado recebera era que havia sido transferido para Berlim, a guerra havia tomado proporções maiores e devia proteger as fronteiras contra os Soviéticos.
 Por mais que estivéssemos juntos a tanto pouco tempo e horas, senti minha alma chorar mais uma vez.
Lembro-me que antes de sair com a comitiva de guerra, ele com um gesto suave e amoroso, segurou minhas mãos e disse:
- Não chore... A cada momento que ira se passar estarei mais perto de ti, essa corrente em seu pescoço é para que nunca se esqueça que te amo... e sempre estarei perto do seu peito, me espere... Por favor!

Ele partiu. Depois daquela despedida nunca mais soube noticias dele, alguns disseram para eu esquecer, pois com certeza iria morrer e a neve iria cobrir seu corpo e nunca mais ninguém iria saber do seu paradeiro; apesar da distancia, eu sabia que ele estava vivo em algum lugar desse mundo, mesmo que fosse somente a meu coração.

Passou se dois meses, o inverno começou, e com ele diversas desgraças.
A senhora adoeceu, pegou uma forte pneumonia, como era sozinha eu cuidei dela até seu triste falecimento. As crianças dela eram pequenas, e não entendemos muito o valor da perca, nenhum vizinho ou “amigo” compareceu no enterro, que foi aos fundos da casa.
Passamos algumas semanas seguras, com os alimentos que havia na casa, mas de pouco a pouco os armários foram ficando vazios.
Minha cabeça estava pesada, e meu coração em apuros, vendo aquelas crianças pedindo o que comer, e eu tendo que pedir para vizinhos, mendigar e fazendo-as passar vergonha. Sempre dediquei todo meu amor a elas, com certeza isso nunca faltou, o amor e o carinho, a presença do ser “mãe”, mesmo que a de verdade havia partido.
Alguns oficiais do governo e responsáveis de um orfanato nos visitaram, perguntaram se eu havia a guarda das crianças, eu simplesmente disse que era amiga da família e que não possuía guarda sobre elas.
Um dos meninos ouvindo a conversa saiu do quarto chorando e dizendo:
 - Não! Nós não vamos sair de perto da tia Carmem...
Isso fez com que eu chorasse junto, mas não arrancou uma lagrima dos dois oficiais que estavam em nossa frente.
Eles me deram um prazo de três dias, para arrumar os pertences das crianças e as deixarem em um orfanato na cidade vizinha.
Pensei bem e acatei a ordem deles, no orfanato eles seriam bem cuidados, alimentados e seguros da guerra.

Recolhi suas roupas, mesmo que velhas estavam sempre limpas e passadas.
Seus simples brinquedos de madeira, as bonecas de pano, guardaram tudo em uma velha mala e saímos para pegar o trem.
Chegamos à estação, lá havia vários Nazistas, procurando a identidade de cada um que passava por lá; desesperei-me com as crianças, tentei me esconder mas eles viram e foram ate perto de mim e disseram:
- Espere senhorita, não precisa fugir, só estamos aqui para pegar alguns Judeus, estamos preparando uma cidade só para eles, não vamos maltratá-la... Pegaríamos se fosse uma Judia, mas pelo crucifixo que esta em seu pescoço, nos mostra que é uma moça cristã, pode seguir seu caminho.
Fiquei fria, andei como uma estatua ate o trem.
Fui perceber do risco que passei somente no meio da viagem.
Chegamos a cidade de Lomianky, uma cidade industrializada e bem comprometida pela guerra.
Segui o até o orfanato de Sant Louis.
O orfanato era imenso e assustador, paredes de pedra e pessoas com olhares macabros.
As crianças se seguraram em minhas pernas, não querendo sair, enquanto a freira olhava a mala deles dizendo:
-Mas que lixo é esse? Vou mandar queimar todas essas porcarias agora...
Minha reação foi pegar a freira pelos seus vestidos e joga-la ao chão, comecei a estapear a ponto de quebrar seus óculos, os guardas daquele mausoléu me empurraram contra a parede e me arrastaram pelo corredor daquele orfanato, enquanto as crianças choravam próxima a freira, caída ao chão.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Holocausto da atualidade

Estamos sendo justos?

  A mãe sabe que está morrendo e mantém o seu filho nos seus últimos momentos...

 
              ...A mãe diz ao rapaz que está morrendo, mas ele não quer acreditar
                 Momentos depois, a mãe morre. O filho - um grito silencioso para o céu.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Parte V

A boa senhora me ofereceu roupas secas e alimentos, e ate aquele momento ninguém havia me questionado a respeito do meu paradeiro, de onde eu havia surgido.
Minha única preocupação era com meu estômago e com minha irmã.

Pela janela da cozinha pude ver varias crianças brincando, correndo e pulando sobre as douradas folhas daquele triste outono; como eu queria que minha bonequinha de bochechas rosadas estivesse ali ou em qualquer lugar que eu soubesse que ela estaria segura.
A senhora aproximou-se e disse:
- Eu não me sinto bem com minhas crianças correndo fora da minha casa,sabe, os alemães estão pegando todas as crianças, sendo Judias ou não, ou eles matam, se forem bonitinhas eles levam a orfanatos em Berlim...

Levantei-me da cadeira e disse espantada:
- Em Berlim...? Eles não matam todas as crianças?
A Senhora diz:
- Não... Tem muitas esposas de generais que não podem engravidar, ou que querem crianças servindo seus cachorros... Enfim, me ajuda com o jantar?

Aquela foi uma das tardes mais longas na minha vida, havia uma mínima chance de minha irmã estar viva e aquela mínima chance me fez ter esperança, e isso não saia dos meus pensamentos; deixei pratos se quebrarem e talheres caírem no chão por conta disso.

Chegando a noite, todos estavam à mesa: eu, o belo soldado, a senhora e seus filhos; todos sorrindo em plena alegria, até que o soldado se levanta com seu copo de vinho e diz:
- Vamos brindar! Brindemos pelos malditos Judeus que estamos exterminando em nossa província
Com muita ira me levando, e digo:
- Vocês brindam a desgraça dos outros?!

Saí da mesa rapidamente derrubando meu prato ao chão, corri ate o fundo da casa chorando, e revendo em memória todas as tristes lembranças dos massacres que meus olhos presenciaram. Ele me seguiu, até onde estava e disse:
- Moça, falei algo de errado? Perdoe-me, mas não entendi nada.
Olhei fixo nos seus olhos e disse:
- Você se sente feliz matando crianças, mulher e inocentes? Vamos, me diga!
Ele me olhou com um olhar inocente, como o de uma criança, e disse:
- Me perdoe, acho que estraguei seu jantar não foi? Você quer dar uma volta na vila comigo?
Olhei para ele, cai na emoção daqueles olhos e disse que sim.

Saímos como dois namoradinhos entre as casas da vila, até que ele me parou próximo a um grande celeiro, segurando com amor  minha mão disse:
- Senhorita, pode parecer infantil, mas desde aquele momento quando a vi parada naquela praça, na hora que nos beijamos na fria água daquele riacho, não consigo parar de pensar em você, em sua pela clara, em seus olhos negros, em sua boca...
Aceite este presente, é uma corrente simples, mas era de minha mãe, e agora quero que seja sua, para que não esqueça do que sinto por ti...

Meus ossos foram se soltando a ponto de eu  amolecer completamente, coloquei minha mão em seu rosto, e passando lentamente meus dedos sobre seus lábios o beijei; um profundo beijo que alcançou o mais intimo de minha alma, me livrando dos maiores pudores e barreiras que pudessem ainda existir em meu coração, lá não apenas partilhamos desse beijo;  nossas peles se tocaram mais intensamente ,trocamos calores, sentimentos, uma total partilha de carinho e calor: mão na mão, pele na pele, um gozo de prazer sem fim, ao lado do meu primeiro amor carnal.



terça-feira, 24 de agosto de 2010

Parte IV

Saímos a caminhar por longas vielas de pedra, ele aparentava ser muito tímido e olhava sempre em frente, fixo, como um soldado escoltando uma fina mulher indefesa.
Até que chegamos à beira de um rio, que por nossa surpresa estava com a ponte dentro da água, o oficial com ar de decepção diz:
- Moça, terá que atravessar com esse barco, aqui tem alguns judeus soltos e então temos riscos de morrer, então suba rápido!
Eu olhei para ele com meio sorriso disse:
- Não foram os Judeus que explodiram essa ponte!
Entrei na água, de vestido e sapatos, tentando atravessar sozinha.
O Jovem me seguiu e agarrou meu braço dizendo:
-Senhorita, não há necessidade de se molhar...
Nesse instante, nossos olhares se cruzaram, e todos nossos medos, acabaram, e o desejo foi único, nos beijamos por longos e inesquecíveis segundos.

Ah, impossível esquecer, creio que aquele foi meu primeiro beijo, e ainda com um alemão de forças inimigas.

Saímos da água completamente molhados, rindo com nossa timidez daquele momento memorável, e ele me diz:
- Senhorita, foi apenas um beijo, me perdoe, não quero que fique magoada com meu ato...
Olhei fixamente em seus belos olhos azuis e disse:
- Não peça desculpas, teve que acontecer, senão você iria me deixar atravessar aquele rio sozinha!

Seguimos sorrindo por entre as arvores, mesmo molhados, nossos olhares sempre se cruzavam.

Será que seria a mesma reação se eu fosse uma Judia suja?

Chegamos num vilarejo lindo, parecia que aquele lugar jamais havia experimentado o amargo da guerra, simplesmente o paraíso.
Fomos ate uma casinha pequena, o soldado entra na casa sem bater a porta; Lá encontramos uma bela senhora, bem animada que disse:
- Querido, quem é essa bela moça?
Tia, essa é..., ai me perdoe, não sei seu nome....
Levanto meu rosto tímido, e digo:
-Prazer, sou Carmem smültz...

Nesse momento recebi um caloroso abraço dela, rapidamente algumas crianças entraram perguntando da invasora que estava molhando o tapete da sua casa, até que um deles olhou para mim e disse:
-Mãe, se essa moça for Judia ela morre hoje mesmo.

A ameaça da criança me fez ter medo, a ponto de ficar totalmente sem reação.